Dedicatória

Dedico este blog a todas as palavras a serem sentidas, a todos os sentidos a serem floridos, a todos os sorrisos e risos. Às pessoas prontas para sorrir e às maduras o suficiente pra chorar. Dedico a quem sabe amar e gargalhar... a quem pode se orgulhar! Dedico também à espontaneidade, que é mãe da boa poesia e da filosofia. e já que falamos da mãe, falemos também do pai, que é o sentimento que semeia a espontaneidade para gerar sublime deusa, poesia. Dedico à poesia, a poesia. Ao amor, mil utopias. Dedico este blog a quem me faz sofrer, já que o sofrimento é irmão do sentimento, que é pai da poesia. dedico também, e principalmente, aos amigos de verdade, àqueles que — nem eu nem eles — não têm falsidade.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Espíritos da Floresta

Os espíritos da floresta
vêm chegando pra ensinar
Que o caminho da verdade
é que conduz à redenção.

Os espíritos da floresta
vêm chegando pra limpar
as mazelas e impurezas
que atrapalham o caminhar.

Deixe tudo para trás,
e caminhe sem pensar
pela trilha da floresta
ayahuasca, ayahuasca

Veja o brilho do caminho
e o cintilar da ilusão
Nem tudo que reluz é ouro
saiba disso meu irmão

Só uma coisa vale a pena,
Nesse mundo e nos outros
é o amor fraterno e puro,
é o amor fraterno e puro

Ayahuasca, ayahuasca,
ayahuasca, ayahuasca

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O retorno

Certo dia, num passado distante,
Na primeira metade de um século já passado,
preocupei-me quem leria meus escritos.

E hoje, que professo um futuro incerto,
releio meus escritos do passado extasiado.
E passo para a frente, dizendo adeus mais uma vez:

"Nos vemos na próxima vida."

Minha cela

Estou preso, há anos. Estou preso numa cela do tamanho do mundo. Esta cela é a mais apertada que meu coração já viu, e pressiona minha inspiração, e combate minha criatividade. Nela, existem seis bilhões de guardas, a cuidar cada um de meus movimentos: alguns de elite, que vociferam e ameaçam ao menor deslize; outros, soldados e cabos, que fazem o trabalho sujo da guerra: soprar incertezas nos corações dos outros guardas.

Estou preso, há anos. Numa cela em que não há cor, não há amor. mas tenho em minha mão um pincel. E nesta cela, que é do tamanho do mundo — e cinza —, haverei de encontrar a cor e o sabor, e assim me libertar.

Para isso no entando, preciso primeiro me encontrar: isso porque ouvi dizer, num burburinho entre os guardas menos ranzinzas, que há um pote no final de um caminho colorido, a que eles parecem dar o nome arco-íris. Este pote, dizem eles, tem as maiores riquezas, e como não conheço riqueza maior do que a cor, Estou certo que este é um pote de tinta.

Minha única visita nesta cela é um homem idoso, cabelos e barbas brancas, tão alvas quanto suas vestes brilhantes. Este homem é maior que minha cela, e também é maior que toda a prisão: ele me olha pela janela de meu cárcere. Ele me disse que foi ele que me prendeu aqui, e que por mais que eu sofra, um dia irei agradecer.

Se irei agradecer ou não, eu não sei, mas eu gosto desse homem, ele parece sincero, diferente dos guardas. E ele me disse também que existe um caminho colorido, que eu devo trilhar. Perguntei se o nome era arco-íris, e ele disse que o nome era qualquer um: alguns chamam cristianismo, outros xamanismo, magia ou esoterismo, umbanda e espiritismo, budismo e outros ismos, mas esse caminho é um só: e leva a um só lugar: o pote de tinta.