Dedicatória

Dedico este blog a todas as palavras a serem sentidas, a todos os sentidos a serem floridos, a todos os sorrisos e risos. Às pessoas prontas para sorrir e às maduras o suficiente pra chorar. Dedico a quem sabe amar e gargalhar... a quem pode se orgulhar! Dedico também à espontaneidade, que é mãe da boa poesia e da filosofia. e já que falamos da mãe, falemos também do pai, que é o sentimento que semeia a espontaneidade para gerar sublime deusa, poesia. Dedico à poesia, a poesia. Ao amor, mil utopias. Dedico este blog a quem me faz sofrer, já que o sofrimento é irmão do sentimento, que é pai da poesia. dedico também, e principalmente, aos amigos de verdade, àqueles que — nem eu nem eles — não têm falsidade.

domingo, 25 de novembro de 2007

A Lua

Lua, Lua, Lua...
Quantas são as tuas fases?
Quanto duram teus minguantes?
Quantos beijos de amantes?

Lua, Lua, Lua...
Onde escondes teu São Jorge?
E teus segredos femininos, Lua,
onde guardas teus segredos?

Lua, Lua, Lua...
Tu és feita de que queijo?
Como brilhas no alentejo?
me responde, oh Lua!

Lua, Lua, Lua...
Quantas noites conversamos,
Sem que ambos nada dissessem?
e, oxalá, quantas noites 'inda conversaremos?

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Se parti, foi por amor

Espero não ter partido seu coração
e se parti, foi por amor
Parti para longe, e perdido.

Me perdi quando parti
em mil pedaços de quebradiços.
E perdi o seu calor,
mas o que senti não foi só dor.

Me parti quando perdi
a certeza de te ter.
Mas ganhei um amor
que jamais irei perder.

Os tambores de Ogum,
de Oxum e de Iansã
rufam hoje a amanhã
plenos e altos em meu coração.

Me escondi numa caverna,
debaixo da terra, longe de tudo
e no ventre da Grande Mãe
chorei, conformei, recompûs.

Como fazem todos, cedo ou tarde,
Me recompûs, sorri e superei
e novamente caminhei.
Hoje saio novamente da caverna.

E já me aguardam as silhuetas conhecidas
de Platão e de seu instrutor.
Para me instruírem outra vez.
Sobre o Mundo das Idéias.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Tic... Tac...


Tic tac, tic tac, tic tac,
Foi-se o tempo do tempo,
e o tempo atual é o do momento,
presente, embrulhado em papel colorido.

Cor de tinta e tingido
roubado do tempo, o bandido
o presente que salva a mocinha,
a vida, eterna e todinha.

E quando desbota,
pela fricção dos ponteiros,
é que a vida ganha a cor,
ganha enfeites e sabor.

Então deixa de ser mímese
Passa a ser naturalmente real
Hora?
Não se pode fazer da vida uma síntese
Simples como instinto animal.

Pois só quando é extinto
o tempo e o animal
que a vida ganha forma
no sem-tempo universal.

No sentido inverso
Vivemos todos num só verso
Onde o mundo é cego e surdo
Aos lamentos do tempo mudo.

E o tempo — que não pára —
nos enrosca na Samsara
E em seus ponteiros a girar.
tic tac, tic tac, tic tac.

Mikha/

domingo, 21 de outubro de 2007

Os minutos, as horas e os dias.

De antes em diante
rumo à Eternidade,
nossos destinos se cruzam
em um ponto qualquer do Jamais.

Algumas vezes para sempre,
outras nunca mais,
Nossos lábios se tocam,
em paralelos infinitos.

Se não hoje, quem sabe amanhã.
Ou depois, ou depois...
O que é o tempo afinal,
medida inválida e banal.

E se em nosso encontro marcado
no seu futuro, meu passado
por uma falha do destino
Eu não comparecer

Eu lhe peço, querida,
que me aguarde mais uma vida,
por entre espinhos e solidão
ou ao menos mais uma vez.

Me disseram certa vez
ser cedo demais,
Me disseram também
"A hora já passou"

Eu não acreditei, e ainda duvido
que nossa vida seja definida
por algo tão frágil como o vidro:
Os minutos, as horas e os dias.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Eu escolhi!

Eu escolhi o meu caminho
Sem fim certo, como o vento do deserto
Um caminho solitário,
arriscado e conturbado.

Nesse rumo, a mata é densa,
os peçonhentos nos envolvem
e por ela não passa ninguém que pensa
As serpentes, lá, nos cercam.

Essa trilha solitária,
que a nada conduz, senão à luz,
nos promete apenas batalhas,
e vitórias sempre certas.

Certo dia, neste caminho,
olhei para o meu lado,
e me surpreendi:
Não estava, afinal, sozinho!

Haviam mil soldados de cada lado,
Todos tão solitários,
Porém muito bem acompanhados
por si só, e por seu cristo interior.

Feliz como um qualquer,
Ergui minha espada e batalhei
e já venci inúmeras batalhas,
mas a guerra inda me espera.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Faz-de-Conta

Faz de conta, e não me conta
que sou eu o príncipe
do seu conto de fadas.

Faz de conta, e não me conta
que é comigo que te encontras
naquelas noites encantadas

Faz de conta, e não me conta
Pois me satisfaz poder contar
os dias e noites até te encontrar

Faz de conta, e não me conta
Que meu nome está gravado
Em cada conta do seu colar.

Faz de conta, Faz-de-conta,
eu também sou criança
e acredito em fadas
e em princesas apaixonadas.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Pedregulhos

***Para Virgínia, pela inspiração!***

Criamos ao longo do tempo uma pedra
chamada, por muitos, medo.
essa pedra grande e inconstante,
está sempre pronta a desabar.

Nesse chacoalhar terrível
nos convida a mais pedras produzir:
Sustentando nosso medo,
dando a ele embasamento.

Cada pedra é um segredo
que nos sufoca a vida.
e abaixo da grande pedra do medo,
os raios de luz só servem para assustar,
clareando a terrível montanha que construímos.

No dia que percebermos todos nossos erros,
encontraremos também a chave desse enigma
e estaremos prontos a receber do Universo.

domingo, 16 de setembro de 2007

Sopro da Vida

Quando sopraste em mim a vida,
tremi, ante a primeira batida
de um coração pequeno, inconstante e frio.
De lá para cá, já fui tudo quanto poderia querer.

Fui escravo, fui algoz,
fui bonzinho, fui atroz
Caminhei perante tumbas
e protegi faraós.

Maltratei, espanquei e apedrejei.
Me humilhei, apanhei e fui linxado.
E nunca fui coitado.
Nunca fui coitado.

Fui poeta e fui atleta,
Vagabundo, trabalhador.
Já fui rei, já fui plebeu.

Fui comadre, fui ateu,
Fui bandido e fui juiz.
Confessei os meus pecados
e pequei aos réus confessos.

Agora espero, vibrante,
Pela segunda batida
de um coração grande, vitorioso e borbulhante.

A Divisa

Há uma tênue linha chamada distância
que nos arrebata para longe...
Há uma tênue linha chamada inconstância
que nos afasta de nossos sonhos.

Há uma tênue linha, uma tênue linha
que nos limita, ante o ilimitado.

Há uma tênue linha chamada gratidão,
que nos dá pão, alegria, perdão.
Há uma tênue linha chamada amor,
que suspira, transpira, transforma.

Há uma tênue linha, uma tênue e imaginária linha
Entre você e o Universo.

sábado, 15 de setembro de 2007

Thelema

Enquanto carregas teu nome,
te mostra grande como és.
Honra os segredos que receber
e firma na vontade os teus pés.

No sorriso afável dos prazeres
Teu lema é Thelema.
No curativo amargo dos sofreres.
Teu lema é Thelema.

Vontade em Cristo, consciente
inda que coroado de espinhos,
ame sempre essa gente.

É na Vontade do Espírito
que formarás teu plantel.
É no sussurro amigo da Luz,
que encontrarás teu alento.

Cavalgue eternamente, com sorriso no peito.
Sua certeza é a contância final,
e teu lema, meu filho,
É Thelema. Thelema.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Tempo Esquecido

Há um tempo, no meio do tempo.
Um tempo que não volta mais.
O tempo da fruta madura, colhida no pé,
da criança pura, que voava a pé.

De abrir os braços pro tempo
e abraçar o momento.
E esse tempo, que não volta mais,
onde foi que se escondeu?

Será que não percebeu
— esse tempo —
que o esconde-esconde acabou?
Que a bola já murchou?

Ah, esse tempo, esse tempo,
Sempre tão desatento,
Deixou uma bagunça pra trás.
— Acho que mamãe vai brigar! —

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Prisioneiro

Teu sorriso me pintou um calabouço
repleto das mais doces torturas.
Teu olhar me prendeu num cativeiro
No meio de um nada tão completo...

e teu perfume... ah teu perfume...
me fez cego, surdo e mudo.
Mas teu beijo, querida,
me libertou de todas as prisões

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Solidão

Numa noite sem vida a ser sentida,
uma lágrima fria me escorre ao peito
e teu calor já não me é direito,
e teu calor já não me é direito.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Beijo

Aperta mais forte minha mão
contra o teu peito.
Enquanto eu beijo seu pescoço
de qualquer jeito.

Jeito qualquer tão correto,
Que tu cerra os olhos
e parte para longe.
Vai, meu amor...

Que na hora de voltar,
Eu te mordo a orelha
e, quem sabe dessa vez,
Um beijo seu.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Cristina

Ah Cristina,
Quanto tempo eu esperei?
Não sei, não sei.
Para gritar teu nome e cantar teu canto.

Ah Cristina,
Quantos beijos não te dei?
Quantas vezes não trancei
As minhas pernas com as suas?

E quando eu te abracei, Cristina?
Só eu sei quanto lutei
Para não te esquentar com meu calor,
Para não te envolver no meu fervor.

Mas hoje, meu amor,
Hoje eu vou aproveitar!
Vou sussurrar mil poesias
e te excitar com regalias.

Vou morder suas bochecas
E sua orelha — já mordida —,
terminar de mastigar
Ah, Cristina, essa é nossa poesia.

Poesia

O poeta é o artista mais ingrato
à sua arte e ao mundo
pois sempre que escreve se vê obrigado
a concluir seu labor, fechando o poço sem fundo

Disse Picasso que no dia que terminasse um quadro
Que o prendessem num hospício,
pois sempre há algo a acrescentar
em algum canto de seu ofício.

o poeta não. Se não fecha a poesia,
o rotulam inacabado
Por isso, sinto-me sempre desonrado
quando chega a estrofe final.

Menina-mulher

*** para que as crianças de 13 anos despertem para a vida***

És menina tão adulta...
Tua infância jaz oculta
Pela boca pintada
e o olho contornado.

E o que você ganhou, menina,
Além de um namorado?
Quando vai descobrir,
Que ele não é nem príncipe,
Quem dirá encantado?

Será que seu coração partido
Quando se ver perdido e remendado
vai parar de se pintar
e resolver se respeitar?

Ou vai crescer de vez,
E se perder em três
ou mais rapazes tão iguais?

E quando você olhar no espelho?
Fria e surrada pela vida,
com a maquiagem acabada,
e perceber que envelheceu?

Juramento à bandeira

Juro honrar e defender a qualquer custo
a bandeira alva do coração.
Juro guerrear pela paz
sem sequer olhar atrás.

Juro Combater de toda forma
qualquer forma de combate.
Juro amar e respeitar,
Juro jamais desacatar.

Juro, enquanto respirar,
armar-me apenas de abraços,
de sorrisos explosivos
e com flores coloridas.

Juro, pela minha vida
que é Tua — como tudo —
Dar minh'alma, nua
A servir os Teus propósitos

Prometo jurar à bandeira que me der
E vestir o uniforme que couber,
Posto que cores e formas,
Não moldam mais meu coração.

Cotidiano

Ele brinca com o garçom
Só pra chamar sua atenção
Toma o suco de galão
Aguardando o fim da negociação

Ela soma mil valores,
E se brinca, é com a caneta.
Se o calor dele lhe falta,
O celular no ouvido esquenta.

Focada em milhões inexistentes,
ela luta com clientes
E ele e canudo, persistentes
Esperam na fila por um pouco de atenção

"Pronto! Acabou!"

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Beijo molhado

O nosso beijo molhado,
me pegou despreparado
e devastou meu coração
afastando a ilusão

O medo e a culpa,
não são mais
a mente é limpa
e vivo em paz

a calma expande a consciência
e a alma inteira se contorce em fervor
Ajoelhado em êxtase de reverência
Lhe agradeço, gargalhante, pelo teu amor

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Nossas Vidas

Vou contar de nossas vidas
desmentidas, retorcidas.
Vou contar de nossas vidas
pouco a pouco reveladas.

Num cavalo galopante
minha capa dançava com o vento
De súbito, parei ao ver-te
e salvei minha donzela.

hasteei minha bandeira
ecoei minha vitória
e lancei pelo castelo
Flores vinho e muita carne

Sonho

Vou te envolver com o amargor
da minha boca de cevada.
Numa mordida rouca
que deixará tua alma decepada,
desesperada por me ter.

Vou mergulhar no teu perfume
e lavar meu coração
nas águas puras
de um amor cristão

Vou tremer ante teus olhos
Comovido pelo amor
Mas não vou me remoer
Se nada disso acontecer.

Gênesis I

Certa vez, uma sementinha
caiu das mãos de Deus
num vasinho do Universo.

A semente germinou,
dando lugar a uma plantinha esquisita,
que aos poucos, soltou-se de suas raízes.

A plantinha tinha dois braços,
duas pernas e uma cabeça.
E, com os olhos de sua cabeça,
viu que era diferente das demais.

Como se sentia muito só
perante a mata verde,
a planta se dividiu,
Criando sua primeira irmã.

Naquele tempo não existia espelho,
e só ao ver sua cópia,
é que a plantinha descobriu
o quanto era bonita. E se apaixonou.

Continua: Gênesis II

domingo, 5 de agosto de 2007

Um beijo de eternidade

Por entre as árvores do Paraíso,
Adão e Eva se beijaram.
Um beijo quase casto,
Por vezes puro, outras nefasto.

E desse beijo de eternidade,
escondido dos olhos de Deus
pela copa de uma macieira,
Surgimos nós, a humanidade.

E deste dia em diante,
desaprendemos a amar.
Mas hoje, enquanto te vejo,
Reaprendo o verdadeiro sentido da vida.

Medo

Medo.
Medo de me perder
Na imensidão do seu olhar
Medo de me afogar
nos seus lábios cheios de sabor.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Caminho do Sol

Certa vez me encontrei...
perdido numa estrada,
longe de todos e de ninguém
numa dualidade infinita

Estrada de extremos tão bonitos...
atraindo-me para fora dela
Mas seguindo, sem pensar,
pois o caminho só se segue pelo meio

e pelo meio tropeçante
andamos sem ver,
no final do horizonte,
a dobra do caminho

Quando encontrarmos,
enfim, cansados e surrados,
a dobra além do infinito
Nem um banho tomaremos.

Felizes e risonhos,
voltaremos ao início
Para dar as mãos
e apontar a linha.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Devi Kundalini

Mil cores se mesclam no céu
e descem em espiral rodopiante,
tocando o topo de minha cabeça,
penetrando-a.

Mil chamas ascendem por minha espinha dorsal
e minha mãe me toca a nuca
em momentos de êxtase e euforia.

IAO, IAO, IAO
Cantamos em ressonância!
RAM-IO, RAM-IO, RAM-IO,
Vibramos em concordância!

Ritmicamente, dançamos em poesia.
Constantes no amor,
e lutando contra a heresia,
Transmutemos os corpos!

Oh! Devi Kundalini, Divina Mãe Interna
Sussurre-me seus imortais segredos,
Conduza-me aos portais secretos!
Ascenda! em Magia!

Carregue-me ao teu Templo-Coração!
Preencha com amor a minha oração!
Oh! Devi Shakti!
Oh tu, que és meu tudo e meu nada,
permita-me empunhar tua espada!

Arranha o céu


Ele desejou.
Se concentrou
e conseguiu:

Concretizou.
Atingiu o céu.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Eu, Você e a Parede

Encostei-me na parede, gelada
E nela, senti o teu calor.
Senti o teu perfume
e o brilho dos teus olhos.

Nossas testas e narizes se encontraram
E nossos lábios se tocaram,
levemente...
Leve... Mente...

domingo, 1 de julho de 2007

Mulher

Poema escrito pelo Venerável Mestre da Loja Branca, Samael Aun Weor

Mulher, eu te amo...
Há muitas noites
que choro muito... muito...
e ao fim da jornada escuto teus cantares,
e vibram de amor os sonolentos astros,
e beijam-se as musas celestiais com teus cantos...
És um livro selado com sete selos.
Não sei se és dita ou veneno.
Estou à borda de um abismo que não entendo,
sinto medo de ti, e do teu mistério.
Mulher, eu te adoro...
Quero beber licor de mandrágoras,
Quero beijar teus seios,
Quero sentir o canto de tuas palavras
e acender meus fogos.
Mulher, não me podes olvidar,
dissestes que me amavas
juraste-me teu carinho,
em noites adoradas...
em noites de idílio...
em noites perfumadas
de cantos e de ninhos...
Antiga sacerdotisa, acende meu pavio,
acende minha chama de tríplice incandescência;
núbil vestal do templo divino...
entrega-me os frutos da ciência...

Meu vizinho, o zé.

O zé,
era o cara que morava
d'outro lado da rua.
Um dia, o zé viu a Lua
e se apaixonou.

Hoje, o zé casou e mudou
e mora com sua amada:
A Lua.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Teu nome

Teu nome é mantra ressonante
E ao entoá-lo,
extravio-me do navio em que vivo
Teu nome é a única chave
Que abre meus mil calabouços
Teu nome me causa alvoroço
E com nova alvorada,
Me põe a sonhar

Teu nome, sozinho,
É mais que Pessoa e Neruda
Teu nome é meu Buda!
Mas um nome, por si só,
Não é nada.
É torre sem guarda
Num castelo sem rei.

Teu nome é a barbárie
Do meu mundo sem lei
É sagrado, é profano
Irreal e mundano
Teu nome...
Teu nome eu te amo!

sábado, 12 de maio de 2007

Teu Nome

Quero Repetir teu nome
infinitas vezes.
E ao pé do teu ouvido
sussurrar mil poesias.

Quero te amar na monotonia
de cada milímetro
do teu corpo e espírito.

Respirar do teu prana,
Embebedar-me de teu olhar
Quero rir teu riso
E derramar teu pranto.

Quero ler teu nome
Em cada parte do meu ser
Para ser contigo,
como sou com Ele.

Sentir

Sentir a tua presença
em cada pedra do rio.
Sentir a tua beleza
em cada breve sorriso.
Sentir a tua dureza
em cada longo desvio.


Sentir-te por inteiro,
Sentir o teu vazio.

sábado, 28 de abril de 2007

Simples Mistério

Por toda a minha vida
de bebê a pré-adulto,
Busquei sempre um mistério
que um dia desvendei.

Aprendi como voar
e a controlar o fogo.
Aprendi, principalmente
sobre minha Mãe e meu Pai.

Mas parece que de tão duro que sou,
não percebo que mais nada restou-me para conhecer.
Mesmo tendo em mãos o mistério do Universo
Continuo atrás de respostas.

é que aprender não é saber
saber é saborear, experimentar.
aprender é decorar, ouvir falar.

Não vôo, muito menos controlo o fogo,
que queima solto, e não em minha espada.
E de quando em quando, desejo ardentemente perguntar
sentar frente um xamã e questionar sobre tudo que eu já devia saber.

É assim com todos nós.
queremos o alimento já cozido
e não o fogo e a semente.

quarta-feira, 28 de março de 2007

São minhas

Nunca te dou ouvidos,
senão por um segundo,
Quando permito a ti
domar-me as mãos.

Nesse lapso de segundos,
escreves maravilhas
poesias dos dez mil mundos
presos em minhas ilhas.

Então vais embora,
e por meses sou muitos...
sem jamais ser-te.

Então apresento a meio mundo
teus escritos mais belos,
E sussurro, com falsa humildade:
"São minhas, mas não são tão boas."

Ontem

Quero tudo pra ontem!
Nada me satisfará amanhã,
senão minhas obrigações.
Elas que fiquem para amanhã!

Para ontem, só a colheita
do que ainda hei de plantar
não interessa quando ou como ou onde
só me interessa a colheita

Nem em sonho eu trabalho,
Aliás, é no trabalho que sonho
com o sonho da próxima noite
com a colheita prematura do plantio tardio

E a cada doce aurora vou sonhar
em ser mais que o sonhador,
sem sujar as mãos, no entanto,
Nos riscos de novo erro.

terça-feira, 13 de março de 2007

O Tempo do vento

O inconstante vento
De uivo eloqüente
Tão sábio, tão sereno, tão perene
Suaves vento de terno envolver!

Ah! O inconstante vento
Tão bravio, assustador
Ameaça dançante do porvir
Bailo em tua ameaça uivante!

Vento, vento...ah inconstante vento
Tua voz vibrante,
Lamento incessante , cantar sussurrante
Que inebria o ser !

Vento que sou, vento que vou
Vento que agita, que muda, que transforma
Vento que assola e arrebata...
Ah...inconstante vento de minh’alma!!

POESIA DA QUERIDA MISTRAL LAKOTA

domingo, 11 de março de 2007

Foi entre os Lakota

Dentre tantas etnias
tantas filosofias
Foi entre os Lakota,
Que enfim me encontrei

O perfume do tabaco
O bailado e os tambores
Foi entre os Lakota,
Que enfim me encontrei

Meu mestre que me guia,
me levou até a tribo
Foi entre os Lakota,
Que enfim me encontrei

Todos transformadores
De vidas e de mundos
Foi entre os Lakota,
Que enfim me encontrei

Lá pra lá do alentejo

Lá pra lá do alentejo
Mora escondido o meu desejo
Num castelo no topo de um monte
Com a vista para o mundo.

Lá pra lá do alentejo
Si'nterrou a minha amada
no pós-batalha, sofrimento
duma terra ensanguentada

Lá pra lá do alentejo
tem tristeza e tem ensejo
lá pra lá do alentejo
Numa terra encantada...
Lá pra lá do alentejo

quinta-feira, 8 de março de 2007

Cigarra

A cigarra canta
seu encanto cru,
portentoso.

Até que, tamanha insistência
Se estoura por inteira.
E renasce a cantadeira

segunda-feira, 5 de março de 2007

Eu Vi!

Eu Vi!
Eu vi a Terra impedir a Lua de receber a Luz do Sol!
Eu Vi!
Eu vi a ciência explicar o acontecimento!
Eu Vi!
Eu vi crenças e religiões usarem o fato!
Eu Vi!
Eu vi muita coisa nas existências que vivi!
Eu Vi!
Eu vi coisas que a ciência jamais vai explicar!
Eu Vi!
Eu vi coisas que as religiões e crenças vão cansar de usar!
Eu Vi!
Eu vi e vivi coisas que não posso explicar!
Eu Vi!
Eu vi e vivi coisas que palavras não podem explicar!
Eu Vi!
Eu Vivi!
Como é duro estar em uma sociedade tão limitada!
Como é difícil estar em uma sociedade que só crê em seus olhos físicos...
Eu Vi!
Eu Vi!
Eu Vi!
Eu vi hoje tudo de novo!
Eu vi hoje a beleza da Lua sem luz...
Eu vi hoje a tristeza da Lua sem o Cristo!
Eu Vi!
Hoje eu vi!
Eu Vi!
Eu vi hoje a tristeza de um rocha morta!
Eu Vi!
Eu Vi!
Eu Vi!
E quem viu em mim, chorou!
Chorou porque atingiu meu Ser!
Eu meu Ser chorou!
Chorou porque viu a morte em uma Rocha!
Eu Vi!
E meu Ser chorou!
Mas me inundei da emoção da alegria!
Estranha contradição...
Eu Vi!
Eu chorei!
Eu me alegrei!
Estranha contradição da Alegria e da Tristeza!
A tristeza de ver a Rocha morta!
A alegria de saber compreender o processo!
Estranha contradição
Eu Vi!
Eu Vi!
Eu Vi!
E tu que não vistes...
Ou tu que não compreendestes a beleza da tristeza...
Olha para dentro de ti!
Há muito o que aprender ali...
Eu Vi!
Eu Vi!
Eu Vi!
E tu, se não vistes o que vi...
Deves pensar no que vistes...
Eu Vi!
Eu Vi!

Eu Vi!
E meu Ser me iluminou pela Tristeza da beleza do que viu!!!

Que a Paz da Luz esteja em seu coração!

Sérgio Olivetti Narduci

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Dentro de mim

Dentro de mim,
Florestas e vales
Rios e montanhas.

Dentro de mim,
Todas cores
Os beijos e flores.

Dentro de mim,
O canto do indio
guerreiro lakota


Dentro de mim,
o caminho vermelho
o segredo final.

Dentro de ti,
Wakan Tanka,
Estou dentro de ti.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

América

No murmúrio
dos teus vales,
Me perco a chorar
belezas, cicatrizes no olhar

Nos seus fartos seios
de mãe boa e feliz
dou um beijo doce
Com sabor de aniz

tuas florestas verdes
teus perigos eminentes
tudo em ti emana a glória
de uma nova era

Ah, mãe terra,
Terra mãe,
América

Teu povo inspira tua bondade
fortalce-se e expira devoção
o toque do teu tambor
conduz à guerra do amor

Seus rios que nos matam
o calor e a sede
transbordam a fertilidade
das mulheres mais belas da terra

Ah, mãe terra,
Terra mãe,
América

Seu fogo nos traz a magia
que sustenta a batalha
na bandeira da nova etnia
se esconde tua cara

sem medo de lutar,
seus filhos sorriem ante a dor
braços grossos de guerreiros
plenos de amor

Ah, mãe terra,
Terra mãe,
América

Os guerreiros mais fortes
as mulheres mais sadias
de um povo vencedor
são filhos de tua cria

Sofrimentos indizíveis
Guardam nossa aurora
mas teu carinho nos dá força
teu ventre nos aquece

Ah, mãe terra,
Terra mãe,
América

O novo povo aqui habita
a nova vila aqui se esconde
a gerar um mundo bom
Cheio de sorrisos e abraços

todas as tribos cantam em teu nome
a batida pé-no-chão e as penas no cabelo
Guerreiros e sacerdotisas de todos os templos
mantém-se aqui, em segredo.

Ah, mãe terra,
Terra mãe,
América

A nação vermelha se põe em pé mais uma vez.

Muitos, em todas as américas, foram os líderes indígenas que falaram calmamente sobre o dia em que a raça branca se veria em suas mãos novamente, e que nesse dia vingança melhor não haveria que um quente abraço lakota, tupi, quéchua, maia ou inca. Muitos também são os brancos ainda hoje se riem de tais afirmativas insanas e pensam: "pobres, não sabem que honrar o amor é pedir pela dor?"

Pois saibam, queridos irmãos brancos, que hoje estamos aqui, de volta, todos os defensores do amor supremo indígena. nos vestimos com as peles de vocês, e vivemos em sua sociedade, em todos os seus níveis. saibam, caros irmãos, que em breve vocês verão o que é uma batalha contra a grande nação vermelha. E, quando todos nós nos mostrarmos a vocês, mas acreditarão no que está ocorrendo, e logo seus filhos e esposas correrão não de nós, como no passado os nossos correram de vocês, mas para nós, pois será inegável que apenas a nação vermelha se manterá em pé.

Mitakuye Oyasin (Por todas as nossas relações! Somos todos irmãos!)
Vento que uiva

Muitos dos Lakota hoje vivos, em pele vermelha, não guardam mais o estado de espírito que nos define. caíram na amargura pela qual seus antepassados passaram sorridentes, e olvidaram Wakan Tanka, o Grande Mistério. Crêem, desgraçadamente, que a sua atual situação é toda culpa da raça branca que lhes roubou a terra e as crenças, e portanto não honram mais o nome Lakota.

Porém, enquanto a raça branca se degrada mais e mais, alguns entre eles, de pele também branca, nasceram com o espírito vermelho. São Lakotas cheios de uma experiência inacreditável, que não pode ser medida pelo formato de seus rostos.

É nas mãos de tais guerreiros que a guerra será decidida, no braço a braço da batalha. Nós, da nação vermelha, nos sentimos muito felizes em poder fazer parte dessa manobra, e eu afirmo: sou, assim como todos os lakota presentes na terra, parte fundamental dessa batalha. nós já nos reunimos e o exército vem ganhando cada vez mais e mais forças, portanto, irmãos, comecem a cuidar, pois quando o uivo que dá início à batalha for ouvido, não haverá mais volta.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Vento que uiva, vento que baila

Bailando no vento,
Tu vieste como um soco no peito
que implodiu meus alentos
Meus desejos e arquejos.

Nada sobrou dessa batida
de vento que uiva
com vento que baila
e os dois se entrelaçaram

um bailado sussurante,
Me surgiu
um uivar dançante
a mil gritos explodiu!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Nada

— Nada,
Não aconteceu nada,
absolutamente NADA



— Então como estás assim?



— Justamente por isso
Pois Nunca acontece NADA.



É sempre um nada que me faz
Sentir de menos
Sofrer horrores
Chorar demais
Pedir amores

É sempre um nada que não me deixa
Chegar em casa,
Vencer a luta
Amar a causa
e a Labuta

Mas não importa,
pois mais essa vez foi o nada
e o nada nascerá
e o nada não será

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

De uma vez por todas

— solta, de uma vez por todas tua pedra!
larga ela se queres amar
só soltando tua pedra podes alcançar
a mão que a ti estendo
a mão que não tem dono, senão tu.

— não, não solto, a pedra me protege
tu queres apenas se aproveitar por eu te amar.
Não largo, não largo e não largo.

— esquece isso meu bem, vem que te dou minha mão,
meu corpo e minh'alma
— que, aliás, já a teve ontem à noite —
mas precisas largar essa pedra.

— Não posso, prometes tu'alma,
mas não posso compravar tua promessa,
si a largo — a pedra — e não ganho tu'alma,
que fica pra mim? nada! nem pedra nem amor!

— que falta te faz essa pedra sem minha mão?
não sairás do fundo do poço onde te encontras
se largas a pedra e não ganhas minh'alma, nada muda
basta tu abraçar tua pedra querida novamente.

— não sei, não sei.

— decida, de uma vez por todas!
minh'alma ou tua pedra?

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Nos vemos

nossos braços trespassados,
os fogos de artifício,
os seus lábios molhados
e o nosso sacrifíco

Tudo junto, somado
aos nossos corpos agregados.
um só ser que emana pureza
beleza eterna e perfeita.

Nos vimos lá... tão perto
Nos vemos lá... mais perto

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Carícias... Malícias...

Pego a tua mão,
e te puxo bruscamente.
Envolvo tua cintura,
feito um doido varrido.
Carícias... Malícias...

Tua pele me queima
e eu vibro de prazer.
Tua boca me arde
e eu estremeço ao gemer
Carícias... Malicias...

corro a mão na tua espinha,
corre o fogo dentro dela,
te aperto mais
te espremo... Mais!
Carícias... Malícias...

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Eus

Carrego dentro de mim,
um pouco de cada pessoa.
Partes de Ricardos,
Álvaros e Albertos.

Alguns poetas perfeccionistas,
alguns péssimos desenhistas,
mas sempre sempre,
são eus dentro de mim.

E, de quando em quando,
me ponho a questionar:
Qual eu sou eu?
Onde está o Mikhael?

Raros momentos
encontro ambos juntos,
Porém, inda que ralos
são eternos e mui profundos

Desses encontros
comigo mesmo
retiro o néctar da vida...
A flor amada e vivida.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Ram-Io

A perfeita imperfeição
de cada momento
ao teu lado

O desejo saciado
e, ainda assim,
Desejado

O fogo da vida
e a vida do fogo
Enjaulado

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Pessoas

Dizem que imito Pessoa
Em uma ou outra poesia
Mas não copio a Fernando,
Isso seria ironia
Somos, ambos, apenas tradutores
De uma mesma — Grande e Eterna — autoria.