O Poeta não pode ser puro,
posto que a pureza afasta seus sentimentos.
O poeta deve ser verdadeiro,
para mergulhar em seus mais profundos medos.
O homem puro é mentiroso:
esconde seus desejos, anseios e palavras.
A pureza não faz parte de nós,
mas a sinceridade nos conduz à limpeza.
Entregar-se ao que se sabe mal não é sinceridade, é burrice.
E se digo que não precisamos ser puros,
não significa sermos estúpidos.
Ser impuro é ser verdadeiro, posto que não há homem puro.
Buscar a pureza pode ser um anseio,
e se o for verdadeiro,
Há de ser sua escolha.
Mas buscá-la somente por ser o correto, é burrice, sim.
Do outro lado da moeda, porém, reluz um brilho enganador.
O homem buscando ser verdadeiro maximiza seus erros,
E escolhe cometer uma estupidez atrás da outra.
”Estou sendo eu mesmo” ou “verdadeiro”, diz ele.
E sob esta desculpa, se lança ao despenhadeiro,
Fazendo tudo o que sabe ser ruim e danoso.
Algo de saudável em tudo isso? duvido muito,
A insanidade desmedida não é amiga da poesia.
Embora tenhamos conhecido poetas insãos,
Eram também infelizes, e vazios.
a plenitude e a felicidade só se atinge
Pela insanidade comedida.
Dedicatória
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Insanidade comedida
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Atraso inspiratório
Não sei por onde começar…
Que parte de mim esmiuçar?
Um Universo se desdobra ante mim
e nenhum verso se completa em minhas mãos.
Procuro a inspiração no copo, e não encontro
Nos poemas de outrora, e não encontro,
Nos sorrisos dos mentores, e não encontro
Parece que a inspiração de hoje, me aguarda amanhã…
Não é tristeza o que sinto, mas plenitude
A plenitude mais vazia que alguém já sentiu
dentro de meu ser ecoa o silêncio
E em minha mente, o som do Vazio.
Mas onde está a inspiração?
Tirar a inspiração do poeta, é tirar:
Do amante, sua amada,
Do pintor, seu pincel,
Do escravo, seu algoz.
Um poeta sem inspiração é livre,
mas não pode voar, pois tem suas asas tosadas
E que liberdade é essa, que limita seu liberto?
O poeta, para ser livre, precisa ser escravo das palavras.
Palavras
Vez ou outra tenho enorme dificuldade em escrever, então paro e tento entender o motivo de me faltarem as palavras. Descobri, numa dessas meditações, que palavras não me bastam.
Cheguei à conclusão que escrever sobre certas coisas é como descrever as nuvens como sendo de algodão. Somente uma mente muito limitada diria que algo tão belo como uma nuvem é feito de algodão. Escrever sobre certos sentimentos tem o mesmo significado.
Por um tempo pensei que eu havia ficado insensível para as palavras, pois vinha escrevendo cada vez menos poesias. Hoje entendo que não…
A verdade é que eu tornei meu sentimentos tão fortes, que as palavras já não os alcançam mais, então elas me fogem à boca, quando tento expressar tudo que sinto, este misto de êxtase, amor, alegria e muito mais que experimento simplesmente por poder abrir os olhos todos os dias.
Certa vez perguntei ao meu Mestre, em meditação: “Senhor, há tantos no mundo que nunca sentiram essa felicidade, Por que o senhor permite isso?”
Sua resposta, entremeada por um sorriso discreto, foi: “É por eles que você está vivo, meu filho.”