Dedicatória

Dedico este blog a todas as palavras a serem sentidas, a todos os sentidos a serem floridos, a todos os sorrisos e risos. Às pessoas prontas para sorrir e às maduras o suficiente pra chorar. Dedico a quem sabe amar e gargalhar... a quem pode se orgulhar! Dedico também à espontaneidade, que é mãe da boa poesia e da filosofia. e já que falamos da mãe, falemos também do pai, que é o sentimento que semeia a espontaneidade para gerar sublime deusa, poesia. Dedico à poesia, a poesia. Ao amor, mil utopias. Dedico este blog a quem me faz sofrer, já que o sofrimento é irmão do sentimento, que é pai da poesia. dedico também, e principalmente, aos amigos de verdade, àqueles que — nem eu nem eles — não têm falsidade.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Poesia

O meu berço foi uma escultura,
Minha mamadeira, tinha cultura.
Minha canção de ninar foi Pessoa,
Minha bola de jogar foi tinta pra espalhar.

Meu teatro de sombras foi platão,
Meu coelho da cartola, veio de um país de maravilhas
Minha fada-do-dente foi Elis Regina,
E minha piscina de bolinhas teve 20 mil léguas submarinas.

Neruda foi quem me ensinou os altos e baixos da paixão,
Chico Buarque quem me ensinou o bom português
Vinícius e Tom me ensinaram a ser homem
Sem jamais esquecer de ser cortês.

E se meu berço foi escultura,
Meu ninho de amor, e minha mais pura alegria
É a profunda, inefável e eternamente mística,
Poesia.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O Quadro

Vi um quadro na parede
e deti-me a observá-lo.
Nele estava pintada minha história
com lirismo tal que só os olhos de um poeta decifram.

Em espirais ininterruptas,
brotavam profusos momentos de êxtase
Assim como depressões abruptas
Ambos tão constantes quanto necessários.

E em tal inconstância de sentimentos,
vi um traço firme e equilibrado,
Que do centro da espiral partia,
e acompanhava todo o quadro.

Este claro traço iluminado,
dividia êxtases e depressões
servindo de centro estável
Para o pêndulo das emoções.

E seguindo com os olhos seu curso estreito,
Conclui como correto este caminho a seguir
Sendo sujeito, como todos, a alegrias e tristezas,
Porém pouco a pouco vencendo tudo que me cativa.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Chronnos

Ah, Tempo, Tempo,
Quem poderá dobrar-te os ponteiros?
Quem poderá privar-te do domínio?
Resta a nós mortais a Paciência, bela Virtude.

Parceiro inabalável da morte,
Sem a qual perderia sua influência sobre a Mente Humana,
Sois tu inabalável e constante em sua missão de lembrar que,
Cedo ou tarde, inefavelmente, até as estrelas se transformam em Poeira.

Ah, Tempo, Tempo,
giram teus ponteiros, transformando dias em noites,
Correm tuas areias, transformando verões em invernos,
Movem-se tuas sombras, transformando anos em milênios.

E imutável, constante e impecável,
Continua eterno e jovial o Tempo,
A conduzir sementes e civilizações
Do Pó à Plenitude, e de volta ao Pó.

sábado, 24 de novembro de 2012

Saudades de Lídia

Ah Lídia, quisera todas as mulheres fossem como tu
que em outra vida, foi-me amada consorte.
E se fossem elas, calmas e plácidas como tu,
Teríamos, todos os homens do mundo, infinita sorte.

Saudade da época em que para sermos felizes,
Em nossa poesia natural, sentávamos de mãos dadas
E víamos transcorrer o rio, e rolar as águas,
E ouvíamos os pássaros cantarem e víamos as borboletas voarem.

Sem métrica, ou sentimentalismo.
Natural como a Natureza, sutil como a certeza
que só nós tínhamos, de que aquele momento nos faria eternos.
E veja você, Lídia, ele já correu os séculos.

Mas as mulheres de hoje, não são como tu.
São quase todas frágeis, em suas casca de coragem,
E por temerem a dor, se renegam a Felicidade.
E com medo do abandono, se agarram à individualidade.

Ah Lídia, quisera poder expressar-me em fala reta...
Mas sequer uso a prosa para dizer o que sinto,
E então é nessa metáfora d'outra vida (será?),
que me vejo livre para esconder meus pensamentos.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Flores


"Quem não planta jardins por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles"
Rubem Alves


Certa vez me disseram,
fruto de um desatino, quiçá,
Que amar é como colher uma flor
Num jardim colorido.

Você escolhe a mais bonita,
e coloca em seu vaso favorito,
bem à entrada de sua casa,
para que todos vejam.

Mas com o tempo ela murcha,
Perde pétalas, cor, perfume
e por fim, perde então a vida.

Então você recolhe ela,
troca a água do vaso
e vai a outro jardim colorido,
buscar outra cor de flor.

Mas quem diz isso,
Não sabe que flores colhidas
também se planta e se rega
também se ama e se cuida.

Soubessem disso,
estes pobres tolos,
saberiam que 'inda assim
murcham e morrem as flores.

Mas muito embora morram,
Se renovam e se multiplicam,
e surgem mais belas e fortes que antes.
E ficam sempre à vista de todos.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Mo(nu)mento

Construo, hoje, um monumento
E, despido de ambições,
Honro o momento.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Beijo Proibido

gosto sempre de dosar minha vida
entre doces e salgados,
azedos e amargos...
entre certos e errados

E entre o desejo e o conflito,
gostei do seu beijo proibido...
E entre o suco e o cinema,
gostei do seu beijo proibido.

Gosto de dosar minha vida
entre o céu e o oceano,
a guitarra e o piano
um bom livro e uma cama.

Sou um homem de prazeres...
um adorador dos sentidos
mas entre tantos permitidos,
Fico com seu beijo... proibido.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Quinto Elemento

Se o Uno dividido forma o Dual,
E de sua reunião, surge o Ternário desta dimensão
concatenada em quatro elementos básicos:
Terra e Ar, Fogo e Água.

Duplo romance natural
Gerador de equilíbrio universal
E surge como ponto central desta balança
Figura mágica, Homem Celestial.

Que tendo um pé na Terra, outro n'Água,
Numa mão o Ar, n'outra o Fogo,
reúne em seu coração os elementos
Para em Amor transmutá-los em Éter superior.

Quinto Elemento, de natureza mental
capaz de pelas ordens do Homem Consciente,
Tomar a forma desejada por seu dirigente.
E assim, na matéria se concretizar.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Quixote

Tenho meus dias de Amor,
Meus dias de humor,
De tristeza ou pavor.

Mas tenho em mim,
Algo que transcende todos os dias,
Sejam de dor ou alegria.

Tenho a calma aconchegante do Oceano
Que mesmo turbulento e revolto por cima,
Tem seu âmago claro, calmo e resplandescente.

E é nessa Pacífica Alma
que reside meu eu de Poeta,
Parte essencial do meu ser.

Essencial pois traça invisível elo
Entre o Interno Real
e o imaginário externo.

Permitindo-me assim, o vislumbre
De que os temíveis dragões
Não são além de moinhos.

sem título

*** Poesia inacabada, que começa pelo meio. Embora o início ainda não exista, um dia virá, e quem sabe também chegue novo fim ***

Oh, jovem dama!
Quem crês ser tu,
Para se ver capaz
de julgar-me um coração impuro?

Pois se é do peito
que me brotam sentimentos lascivos,
como desejo e ódio,
saiba que não são eles os únicos.

Também é dali que surgem
o meu amor plácido por ti
e a paz retumbante que povoa meu Ser,
Quando meus olhos fitam os teus.

Veja tu, nobre donzela,
que jamais julguei teus passos.
E se olhei atentamente para eles,
Foi por tê-los caros ao olhar.

Entretanto não me cega
Essa tua graciosidade incontida.
Enxergo-te os erros e tropeços,
mas prefiro atentar-me aos traços livres de imperfeição.

Quiçá fosses tu às qualidades mais atenta,
Estaríamos nós, agora,
A correr e rolar desatentos
Por verdes prados, floridos e de alta relva.

Pudera, mulher, ignorar tu
a métrica incerta dos meus versos
Perceberias que, embora imperfeitos,
foram eles, cuidadosamente, para ti feitos.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Caro Amigo

Ah, incendiário ariano,
tão comedido foi nosso contato primeiro...
Como brasa que se faz intensa ao sopro do meu turbilhão geminiano, porém,
cresceu nossa amizade para consumir um ao outro entre atritos e risadas.

Tamanho meu carinho por ti,
Caro Amigo,
Que desde Portugal vim,
para tropeçar-te nestas tropicais paragens.

Sem métrica ou rima,
mas lírico por natureza,
Esse nosso carinho se mantém em meu peito,
Caro Amigo, Nobre Colega.

Ah, Caro Amigo, Caro Amigo!
Não me importam as escolas,
Não me importam as escolhas.
Só me importa nosso Propósito,

Caro Amigo,
Seguimos afastados, mas juntos.

Mikhael Narduci - por falta de coragem de assinar outro nome.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Auto-Definição

Designer por profissão, Poeta por vocação, entre os dois pólos, não sou ator por frustração e nem atleta apenas por falta de treino. Músico, não o sou por desafino. Normal, não o sou por desatino. Imperfeito por excelência, sou um apaixonado por — e pela — Natureza. Prisioneiro da muralha que construí à minha volta, sou incansável no trabalho de reencontro comigo mesmo, e a literatura é minha principal ferramenta nesta inacabável tarefa. Talvez por esta afinidade em comum, trago como norte literário Fernando Pessoa.

Tal qual este grande poeta, sou buscador do que há de oculto na mente humana, para assim conhecer o Universo. Dito isso, tenho por natureza incomodar os acomodados e intrigar os incomodados. Raramente, porém, não surpreendo, seja pelo mal ou pelo bem. Gostaria de dizer que como todo geminiano, sou indeciso. Mas os geminianos que conheci são bem mais decididos que eu.

Como confissão final, seria justo dizer que sempre duvidei, e ainda duvido, de tudo que a humanidade comum rotula "real" (Que palavra é essa, afinal?).  Mas para ser sincero, devo dizer que nada disso me define. Como única auto-definição aceitável, diria eu que Sou Eterno.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Real

Sei que em qualquer dia,
Em qualquer lugar,
Hei de colher os frutos de tudo o que plantar.

Sei que não é tempo, dinheiro ou espaço que vão me premiar,
mas o prazer que sinto em Realizar.

E no fim da realização terei me tornado,
por excelência, Real. E como membro da realeza,
serei digno de tudo que desejar.

Sejam estes desejos reais ou ilusórios,
Espirituais ou provisórios,
Terei obtido em qualquer das esferas, seu núcleo,
E tão logo, seu todo.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Eu lhe prometo


Eu lhe prometo uma Vida, meu bem
Uma Vida como outra qualquer, nada além...
Lhe prometo momentos de irrestrita alegria
Mas também lhe prometo temporárias monotonias.

Lhe prometo uma Vida Real.
Onde serás minha honrada Rainha
mas não poderei fazer-te feliz para sempre,
Pois estaremos num conto de fadas nem tão ilusório assim.

Não te prometo qualquer coisa que quiser, não,
Pois isso só funciona em filmes
que não mostram lápides no final.
Nem prometo tudo que for meu.

Prometo precisar do meu tempo sozinho,
De algumas noites com meus amigos...
Prometo, de pés juntos, que vou errar,
e talvez te decepcionar.

Mas prometo, acima de tudo,
que vai recompensar.
Prometo que lá no final
vamos olhar para trás e nos regozijar.