Dedicatória

Dedico este blog a todas as palavras a serem sentidas, a todos os sentidos a serem floridos, a todos os sorrisos e risos. Às pessoas prontas para sorrir e às maduras o suficiente pra chorar. Dedico a quem sabe amar e gargalhar... a quem pode se orgulhar! Dedico também à espontaneidade, que é mãe da boa poesia e da filosofia. e já que falamos da mãe, falemos também do pai, que é o sentimento que semeia a espontaneidade para gerar sublime deusa, poesia. Dedico à poesia, a poesia. Ao amor, mil utopias. Dedico este blog a quem me faz sofrer, já que o sofrimento é irmão do sentimento, que é pai da poesia. dedico também, e principalmente, aos amigos de verdade, àqueles que — nem eu nem eles — não têm falsidade.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Desejos

Isso de desejo é algo muito irônico... Principalmente quando estão à flor da pele e não desabrocham. É o pior sentimento que pode existir. A morte certa e iminente não dói tanto ao condenado nos últimos 15 minutos de vida quanto desejos que não se cumprem. É uma dor cega, que não sabe onde doer, então dói em todo lugar. Um calafrio obscuro, que por não poder se cumprir, ganha asas pra matar.


Ninguém sabe do que é capaz um rejeitado. Nem mesmo ele! "Coitado... Perdeu mais uma chance de dar amor, de oferecer afago e carinho... E por quê? Por não temer o amor?" ressoam todos mais uma vez, ao comentar dele... Nos corredores, nas esquinas e até naquele bar famoso que esqueci o nome. Em todos os lugares falam dele, mas nem lembram o seu nome, o chamam coitado. Algumas meninas que tentam consolar dizem: "ela não soube dar valor, ela não sabe o que perdeu...” ou “saiba que quem perdeu foi ela e não você!” e até, pasmem: “se fosse eu nós estaríamos juntos há muito tempo!".

Coitado — como o chamarei daqui pra frente — sabe que é verdade e não nega. Mas o coração, amarrado feito prisioneiro de masmorra, se contorce e grita não. Coitado sorri forte, ergue a cabeça e diz: "quem perdeu foi ela!" Se despede dos amigos, vira a esquina, mergulha na sarjeta e chora, compulsivamente. Essa cena se repete de tempos em tempos, e ele agradece a Deus por seus amigos não a verem... Coitado... Mal sabe ele que seus amigos assistem a tudo, à distância, e que alguns deles até riem. Para esses, mal ele fala de uma nova garota que — essa sim — fará ele feliz, começa a diversão.

Parece brutal. Amigos assim? Mas se você pensar no que fez a garota, as amizades de Coitado são as melhores do mundo. Você diz: “mas elas têm direito à livre escolha!” E eu concordo plenamente. Mas elas não têm o direito de fazer sofrer uma outra vida, como fazem. Você não está entendendo por não conhecer a rotina! Vou explicar...

Primeiro elas conhecem o Coitado, e este, sem ser convidado, se apaixona abruptamente. Até aqui, é ele o culpado, elas são inocentes e puras, e até Coitado admite. O problema começa justamente agora! Coitado, começa sua ofensiva — convenhamos, nada efetiva — para cima da moça. Algumas pulam fora, e a elas esse texto nada critica. Outras esperam para ver no que vai dar, e Coitado, coitado, já acha que vai casar! É quando vem chegando a dor: Coitado faz questão de tratá-las como vasos da dinastia Ming (ou alguma coisa mais rara e cara que isso...).

Ele começa a sofrer. A culpa, não podemos negar, é 80% dele, mas ao menos os outros 20% poderiam ser poupados e não são. A mulher amada começa a se sentir desejada, e isso a faz sentir bem, esquecendo que quem deseja também sente. No caso, mal. Depois de um tempo de flerte, um belo dia Coitado liga pra garota, gagueja, seca o suor da testa e diz: “é... hmm... oi [o nome da garota foi retirado, em respeito a Coitado]... tudo... bom?” ao que ouve uma voz sempre disposta a receber elogios: “ooooooooooooiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii”. Coitado corta os elogios — está muito nervoso para falar mais que o essencial — e desembucha tudo de uma vez sem respirar. A garota — que acabou de acordar — diz: “putz, Coi (apelido carinhoso, o parêntesis é nosso), hoje não vai dar, eu to cheia de coisas pra fazer!” Ele acha que talvez seja verdade e até pensa que se for, ganhou uns pontos com ela por tê-la acordado a tempo de cumprir suas obrigações. Algumas enroladas depois ele desiste de convidá-la para um chopp, e para qualquer outra coisa.

Recomeça, então, tudo que acima se narrou. Ele, com a cara mais envergonhada do mundo, se vê obrigado a contar a experiência aos amigos, para desabafar. Mas sabe que desabafar com eles não adianta. Que só vai ser pior, pois depois vai se jogar na sarjeta e chorar. E mais uma vez, Coitado — sujo e sem nem mesmo o carinho do cão sarnento — balbucia entre soluços seu mote favorito: “nada de novo, tudo de novo.”

3 comentários:

  1. É, ser coitado é foda.
    Na verdade a maioria das pessoas nunca é coitada, sempre está coitada.
    Mas coitados, nunca tem culpa, é sempre culpa do Homem sem braço, afinal esse negócio de culpa é muito complicado hehehe.
    Belo texto, tema bem explorado sem pieguices.

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  2. Ah, eu espero não ter sido uma dessas pessoas que riram de vc! quero dizer, eu não fiz isso, o que eu espero é que vc não ache que eu tenha feito isso!
    ah, enfim, huaoihauia, quando eu chegar iremos até o Japão pra conversar decentemente sobre isso.
    certo?
    beijo, amigão!
    saudades. huiaouiha, tá, é verdade. é sério. saudades! =D

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  3. POxa..
    um lindo texto.
    com um lindo tema!!

    Falando em lindo tema.
    adorei o dia de hj
    com certeza nunca esquecerei dessa tardee.
    eeeeeeeeeeeeeeeeeee..foi d+

    q as amizades q fizemos hj..dure muito ainda!

    bjo

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