Dedicatória

Dedico este blog a todas as palavras a serem sentidas, a todos os sentidos a serem floridos, a todos os sorrisos e risos. Às pessoas prontas para sorrir e às maduras o suficiente pra chorar. Dedico a quem sabe amar e gargalhar... a quem pode se orgulhar! Dedico também à espontaneidade, que é mãe da boa poesia e da filosofia. e já que falamos da mãe, falemos também do pai, que é o sentimento que semeia a espontaneidade para gerar sublime deusa, poesia. Dedico à poesia, a poesia. Ao amor, mil utopias. Dedico este blog a quem me faz sofrer, já que o sofrimento é irmão do sentimento, que é pai da poesia. dedico também, e principalmente, aos amigos de verdade, àqueles que — nem eu nem eles — não têm falsidade.

quinta-feira, 11 de março de 2021

A Dor do Partido

Há dias em que a dor me consome
São dias bons, estes de sofrimento...
Em que tudo o mais que habitava em mim, some.
E eu me permito, em dor, habitar o momento!

Ao que me parece, é mais fácil para os homens sofrer
Talvez por auto-piedade ou auto-penitência, não sei...
Mas a dor de alguma forma se parece mais justa que o prazer.
E é nessas horas que eu sinto muito, muito, muito, o simples ato de ser.

Mais certo seria, ou só parece que seria, se ao invés de viver a dor,
O Homem pudesse simplesmente viver.
Mas aí o que seria da arte? Da música ou da poesia?
O que seria do mar, não fosse o sal, colhido das lágrimas de Portugal?

O que seria da terra, sem a chuva que cai, cinzenta e triste?
Árida seria. e infértil, e sem frutos.
Talvez por isso meu Brasil seja uma terra que, em se plantando, tudo dá
Fruto da dor e do dissabor que esse povo amarga.

Talvez da labuta do dia-a-dia.
Surja uma centelha de vida divina
Talvez surja, de toda nossa agonia
A força de mais uma vez subir no ônibus, na esquina.

Quem sabe este ato de continuidade
Seja uma forma de lapidação da alma
Quem sabe desta lapidação com calma,
é que nasça a verdadeira Liberdade

E você, meu Brasil, tão sofrido,
Que sofre hoje pela covardia de tantos
Espero do fundo do meu coração que em alguns anos
Se veja livre de todos estes partidos.

segunda-feira, 9 de março de 2020

Ser uma estrela

Reflexivo sobre o que é o Sucesso,
olhei para fora da janela e contemplei
No céu, nublado, havia um buraco
e no meio dele, brilhava, solitária, uma única estrela.

Seu brilho falou comigo,
contando que o Sucesso nada mais é do que isso:
Atravessar as nuvens que separam o que está dentro,
do que está fora.

Sua solidão falou comigo,
contando que o Sucesso nada mais é do que isso:
As pessoas ao redor erroneamente pensarem
que só você é que produz este brilho,
mesmo quando à sua volta, outros bilhões também brilham,
porém sem ser vistos.

O tempo passou, enquanto eu escrevia,
e o vento levou as nuvens, que cobriram a estrela.
E sua ausência falou comigo,
contando que o Sucesso nada mais é do que isso:
Um brilho fugaz, passageiro e inconstante.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Re-Evolução

Revolto Oceano do meu Ser.
Não rejeito suas revoltas,
Não recuso as suas voltas.
Pois reconheço nelas, a Evolução.

Então vai e se revolta,
pois quanto mais se revolver,
Ainda mais de minha alma
Na turbidez da água poderei ver.

Embora haja caminho mais fácil,
Talvez para você, meu Ser,
Não haja hoje caminho melhor
E sei que é o melhor que te fará crescSer.

Mas é bonito ver,
como mesmo em meio à tempestade,
Ainda habita em você a calma plácida
e a certeza do fim da turbulência.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Servo dos Astros

Vim para servir aos Astros
Em sua dança circular
Na qual escrevo meus rastros
Em cada breve respirar

E entre um ato e outro,
Um gesto leve e sutil
Para ajudar o outro
Aprendendo a ser gentil

Vim para servir aos Astros
Em sua dança secular
Que com meus breves passos
Desejo não macular

Para cumprir com esta meta
Boto atenção a todo instante
Seguindo com a cabeça reta
E o coração forte e constante

Vim para servir aos Astros
Para ser um aliado fiel
E garantir que seus registros
Estejam claros no papel

E aquilo que as estrelas pedirem
Sem hesitar eu cumprirei
E caso elas se despedirem
De missão cumprida, satisfeito partirei

quinta-feira, 8 de maio de 2014

A Ilha do Existente e o Oceano do Possível – Uma fábula do Processo Criativo

Criação e criatividade têm a ver com trazer para o plano material algo que, hoje, encontra-se naquilo que Platão chamou de Plano das Idéias. Fugindo um pouco da conceituação platônica deste plano Ideal, que em muito se assemelha à proposta cristã de Paraíso, vamos tentar entender este Mundo das Idéias como a nossa própria mente, e sua capacidade de acessar novas possibilidades.

Para tornar mais nítido meu entendimento desta transição entre o existente e o imaterial, e o papel do criativo nesta equação, vou utilizar de uma pequena metáfora: Imagine que o mundo em que vivemos, aquilo que é externo a nós e, portanto, existe, é uma ilha cercada por um oceano fluído, vibrando em ondas de possibilidades. Entre estas duas regiões — o Oceano do Possível e a Ilha do Existente — reside o Criativo.

Aquele pequeno bangalô de madeira, na beira do mar (dependendo da maré, dentro dele!), com uma rede confortável e laranja, para contrastar com o azul do mar e impulsionar ainda mais a criatividade, bem iluminada por luz natural, cercada pelo relaxante som das ondas se quebrando constantemente e com aquele aroma misto de madeira e maresia. Sim, é claro que num cenário desses não poderia faltar uma cozinha repleta de frutos do mar fresquinhos e um bom vinho branco gelado, para aguçar ainda mais o paladar.

Ali reside o Criativo em sua expressão máxima. Entre o Existente e o Possível, com todos os seus sentidos aguçados, ele torna-se capaz de captar no ar e nas ondas do mar, as novas possibilidades, e enxergar com maior distinção a direção em que sua ilhota pode expandir.

É assim que tem sido com Da Vincis, Picassos, Niemeyers, Corbusiers e outros grandes artistas ao redor do mundo, seja qual for sua área: Na pintura, nas engenharias, na poesia, arquitetura, dança, música, finanças, tecnologia, ciência, medicina... Em todas as áreas do Desenvolvimento Humano, é preciso estar às margens do Oceano do Possível, preferencialmente virado para ele, para abstrair as terras existentes e planejar o que há de vir, que é o verdadeiro papel do artista na sociedade.

Há certa confusão na ideia de que Criativos são artistas. Quando digo certa confusão, quero dizer que realmente, todos os Criativos são artistas, a confusão reside apenas na definição de Arte e artista. Para esclarecer melhor um pouco esta fundamentação, recorro à origem etimológica da palavra Arte, conforme expressada pelo filósofo brasileiro Huberto Rohden.

Em seu livro Filosofia da Arte, Rohden explica que a palavra Arte advém do latim Ars, que significa Técnica, Saber, Conhecimento. Arte é, portanto, toda forma de conhecimento e técnica. Artista é aquele que detém um conhecimento ou técnica sobre uma determinada área. Portanto, todos são artistas à sua maneira.

O que diferencia então profissionais brilhantes de bons profissionais? Se escrevi este artigo direito, a resposta para essa pergunta já está na ponta da língua de você, leitor (ou pelo menos às margens de sua cabeça!). Esta diferença está na capacidade de viver no limiar entre o Existente e o Possível. As arte — ou técnicas — para desenvolver esta capacidade são incontáveis. Cada criativo desenvolve a sua, e esse tipo de elaboração é extremamente individual.

Para mim, por exemplo, privação de sono é algo que funciona perfeitamente. Quando passo uma noite em claro, além de produzir muito melhor durante a noite (sou notívago declarado), passo a manhã toda em um estado de plenitude criativa. É muito difícil expressar o que sinto, visto que não se trata de algo palpável, que possa ser percebido e descrito, mas é como se eu tivesse dado um mergulho neste Oceano do Possível.

Nessas manhãs, parece que tudo é claro, nítido, passível de ser desenvolvido sem dificuldades e que tudo funcionará perfeitamente quando eu trouxer à terra firme. Então eu volto para a Ilha do Existente trazendo comigo a nova possibilidade, e aquela textura palpável e nítida, que aparentemente funcionaria tão bem, escorre por entre meus dedos e penetra a areia, retornado diretamente para o Oceano do Possível.

São as leis distintas de cada uma dessas regiões: O Oceano, onde nos sentimos leves a ponto de flutuar e a matéria é fluída a ponto de nadarmos nela, e a Ilha do Existente, com sua borda arenosa que absorve qualquer espécie de fluidez e leveza e um centro cada vez mais denso e impenetrável. Entra então em questão a Ars Praxis, termo do latim para a Ação ou a Prática daquele conhecimento citado anteriormente.

Você foi e viu: mergulhou no dito oceano de possibilidades e conheceu seus belos peixes e corais, sentiu seu frescor e suas correntes passando pelo seu corpo. Agora, é preciso sedimentar os sais minerais presentes nessa água e, dessa forma, materializar as possibilidades, tornando-as, então, existentes.

É a hora do trabalho duro, de aparar arestas e desenvolver aquilo que foi visto no Oceano do Possível seguindo as leis da Ilha do Existente. A proposta se transformará. No decorrer do processo, pode haver frustração, ao perceber que a estrutura existente no Oceano do Possível não pode ser integralmente construída nesta dura ilha em que vivemos, mas é necessário compreensão de que as leis que regem estes dois mundos, como já dito, são diferentes e, portanto, nenhum deles será igual ao outro.

É neste sentido que me referi ao Mundo das Idéias de Platão logo na introdução do artigo. Também nele a forma original é perfeita e o produto obtido dela, uma mera imitação, cheia de imperfeições e incompletudes. A boa adaptação das possibilidades encontradas no oceano, portanto, é que determina um profissional brilhante, em qualquer que seja sua área.

Dentre todas as artes, enxergo na arquitetura, talvez por ser a minha, a que vive sempre neste limiar. Um artista como Picasso, pai do Cubismo, pode produzir seu Guernica, tendendo ao máximo à desconstrução e turbidez geradas pelo movimento das águas do Oceano do Possível. Já Frank Gehry, grande arquiteto desconstrutivista, não poderia erguer seu prédio para o Museu Guggenheim em Bilbao se este não cumprisse, acima de tudo, sua função expositiva e administrativa.

Ambas as formas são abstratas, tiradas quase que em sua expressão total do conceito original, dentro do Oceano do Possível, mas apenas Gehry adicionou à sua Obra-Prima a Funcionalidade característica da Ilha do Existente. Um arquiteto, portanto, vive no estado de tensão entre a beleza fluída das diversas possibilidades e a sensatez palpável da função. Algumas escolas defenderam a forma sobre a função, outras, a função sobre a forma.

Na minha balança, ambas precisam coexistir em equilíbrio perfeito para que a Arquitetura e o Design possam atingir sua expressão máxima. Forma e Função num estado de tensão constante, contrabalanceado uma à outra para obter um resultado belo e exequível dentro das necessidades e possibilidades econômicas do cliente.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Noite de Luar.

E como num dia eu prometi,
Hoje minha mão eu te estendi.
Como um sonho vívido, desperto,
Vivemos nossa sublime relação.

E sentados na varanda,
Numa noite estrelada de Luar,
Vamos juntos sonhar
Com o dia que a varanda seja uma só.

Mas se hoje não é a mesma varanda,
Nem o mesmo sofá
E você nem tem meus braços a te cercar,
Pelo menos a mesma Lua nós temos a iluminar.

domingo, 5 de maio de 2013

Hai-Kai's

Três hai-kai's escritos ontem::

Sol

Doira o Sol, distante,
E se lhe curvam
Todas as coisas Reais.

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Fruto

E quando a floresta
Render desejo
Colha a fruta do pé.


--//--

Ritmo

Tropeçou em sua pressa
e caiu em si:
Tudo que há, tem ritmo.